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Ligações invisíveis


- O que é se passa afinal?
- Na... Nada. - a voz voltou a falhar.
- Nada? - procurou uma confirmação.
- Sim, nada!


Achei que tinha sido convincente.

- Eu sei o quanto o teu ''nada'' tantas e tantas vezes significa tudo. Eu sei. Eu vejo as olheiras carregadas que são o resultado de todas as voltas que dás na cama antes de adormecer, eu oiço. O armário dos chocolates também tem sido mais assaltado do que o costume. No outro dia perguntei se querias ir ás compras e encolheste os braços. Já não te oiço cantar tantas vezes nem mesmo no banho. Fiz Red Fish para o jantar e nem reclamaste. A tua irmã pediu-te emprestado aquele vestido que adoras e sem a mínima briga disseste ''está bem''.
Que não queiras deitar isso cá para fora, tudo bem, mas não tentes convencer-te a ti mesma que não é nada. Mesmo quando tudo parece desabar, cabe-te decidir entre rir ou chorar, ir ou ficar, desistir ou lutar.
Não esperes que a vida melhore só porque trazes esse peso nos ombros, o sorriso apagado e no teu interior desejas que tudo mude. - deu-me um beijo na testa e fechou a porta.

Quando acordei ao outro dia, tinha em cima da mesa da sala um bilhete ''Fui ás compras, acabou-se o chocolate de avelãs e posso precisar dele esta noite enquanto as horas passam e finjo que vejo séries. Aproveita e liga o rádio, com sorte dá a tua música preferida. Quanto ao almoço, pensei em Francesinhas, ajudas-me? Ps: a tua irmã meteu uma nódoa no vestido azul, acho que não vai sair.'' Naquele preciso momento agarrei no telemóvel e procurei o nome ''Mana'', ela ia ouvir-me.




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